Tropical Meridional Fiction - Henrique Montagne

"In this work I return to my family ancestry, showing in the installation and in the title ethnic contrasts from two distant cultures, but which were found in the Amazon. I talk about the persistence of memory and the fight against the erasure of family memory by the process of colonization and Christianity in Brazil and in the Amazon.

There was a diaspora process by the Arabs, Jews and Moroccan Muslims who converted to Christianity forcibly to come to Brazil, at different times in the history of the Amazon. Called "new Christians", they came to the interiors and had direct contact with indigenous and native peoples of the region, "In this work I return to my family ancestry, showing in an installation and in the title ethnic contrasts from two distant cultures, but which were found in the Amazon. I talk about the persistence of memory and the fight against the erasure of family memory by the process of colonization and Christianity in Brazil and in the Amazon.

There was a diaspora process by the Arabs, Jews and Moroccan Muslims who converted to Christianity forcibly to come to Brazil, at different times in the history of the Amazon. Called "new Christians", they came to the interiors and had direct contact with indigenous and native peoples of the region, who also were forced converted to Christianity and were already with their ancestral memory in the process of being erased and no longer living together with their ethnic groups. This led to a flow of miscegenation and inter-ethnic relations in the Amazon.

My paternal surname "Figueira" is that of a new Christian, they gave names of trees to new Christians to become Brazilian "citizens". These being Arabs, Jews or Indians. And in a way, the past reverberates in my own life, as I am the son of an "interethnic" couple. My father is an indigenous man of indigenous descent by my two grandparents (his parents), the family “Figueira” (from my paternal grandfather) comes from the Tapajós region (Western state of Pará), where many peoples were being erased by miscegenation and urbanization. And my mother is white, but of Italian and Arab descent

It is interesting to think of the contrast between these two landscapes in the title and in the installation, I chose these two men, an indigenous and a Moroccan Arab with their proper weapons as a reading that each one establishes himself as a protector of his history, despite the process of erasing cultural and ethnic-racial in Brazil by Christianity and the idea of ​​“nation”. The ancestral tree present in various cultures and in the history of the world grows there in between, in the arid desert and in the forest that is being decimated more and more by agribusiness or ore, by European and North American companies. These men with their weapons are there to protect history. There is also a natural and meteorological correlation between the Amazon rainforest and the Sahara desert. The Sahara is located in North Africa and its sand crosses the Atlantic and feeds the Amazon rainforest. The Amazon is in the north of South America, but a little below the desert, forming a flow of migration through the air. One needs the other to exist."

Instalação Virtual / Web Art

2021


"Nessa obra retorno a minha ancestralidade familiar, evidencio em uma instalação e no título contrastes étnicos de duas culturas distantes, mas que se encontraram na Amazônia. Neste trabalho falo sobre a persistência da memória e da luta contra o apagamento da memória familiar pelo processo de colonização e cristão no Brasil e na Amazônia.

Houve um processo de diáspora dos árabes, judeus e mulçumanos marroquinos que se converteram ao cristianismo a força para vir ao Brasil, em diferentes momentos da história da Amazônia. Chamados de "cristãos novos", eles vieram para os interiores e tiveram contato direto com povos indígenas e originários da região que também muitos estavam convertidos ao cristianismo e já estavam com sua memória ancestral em processo de apagamento e não mais aldeados junto as suas etnias. Nisto iniciou-se um fluxo de miscigenação e de relações interétnicas na Amazônia.

Meu sobrenome paterno “Figueira” é de cristão novo, eles davam nomes de árvores para os cristãos novos para se tornarem “cidadãos” brasileiros. Sendo estes árabes, judeus ou indígenas. E de certa forma o passado se reverbera na minha própria vida, pois sou filho de um casal "interétnico". Meu pai é indígena de descendência indígena pelos meus dois avós (seus pais), a família “Figueira” (de meu avô paterno) vem da região do Tapajós (Oeste do estado do Pará), onde muitos povos foram sendo apagados pela miscigenação e urbanização. E minha mãe é branca, mas de descendência italiana e árabe.

É interessante pensar o contraste entre essas duas paisagens no título e na instalação, escolhi esses dois homens, um indígena e um árabe marroquino com suas devidas armas como uma leitura de que cada um se estabelece como protetor de sua história, apesar do processo de apagamento cultural e étnico-racial no Brasil pelo cristianismo e pela ideia de “nação”. A árvore ancestral presente em várias culturas e na história do mundo cresce ali no entre, no deserto árido e na floresta que está sendo dizimada cada vez mais pelo agronegócio ou pelo minério, por empresas europeias e norte-americanas. Estes homens com suas armas estão ali para proteger uma história, existe também uma correlação natural e meteorológica entre a floresta amazônica e o deserto do Saara. O Saara fica no norte de África e sua areia cruza o atlântico e retroalimenta a floresta Amazônica. A Amazônia fica no norte da América do sul, mas um pouco abaixo do deserto, formando um fluxo de migração pelo ar. Uma precisa da outra para existir."